Quem Somos?

Em 2006, um grupo de estudantes juntamente com o Professor Paulo Dias, reuniram-se porque perceberam a necessidade, no interior da Escola Estadual Ottilia Homero da Silva - Pinhais - PR, de um órgão que possibilitasse a compreensão: da cultura nacional, combater qualquer tipo de discriminação étnica, cultural e religiosa, entre outros, buscar suscitar prático-crítica a respeito de aspectos políticos, econômicos e sociais por meio de produção do conhecimento interdisciplinar à toda comunidade, em especial, a comunidade estudantil, tendo como princípio fundante a formação e a democratização das relações sociais. Tendo em vista as exigências conjunturais vigentes, o grupo de estudante, neste momento, sentiu a necessidade de capacitar-se para compreender os paradigmas impostos e abandonar a condição de seres objetivados à agentes multiplicadores de consciência crítica-ético-prática.Em razão do evidente crescimento do fosso entre pobres e ricos obrigou-os apontar, em parceria com a Escola e o corpo Docente, alternativa de intervir nesse mundo feito desigual, em que beneficia a poucos.Vencida esta etapa, o grupo passou a realizar suas reuniões com um representante da Direção da Escola, na pessoa do Vice Diretor João Batista, para viabilizar a criação de um Grupo de Estudo em que os anseios, acima citados, fossem trabalhados junto a comunidade estudantil.Após várias reuniões, o grupo sentindo-se sólido, percebeu a necessidade de identificar-se através de um nome. Ao consultar alguns membros da comunidade estudantil, optou-se por Grupo Camélia [[1]Através da leitura do livro: as camélias do Leblon e a abolição da escravatura de Eduardo Silva, que o grupo denominou chamar-se Grupo Camélia. Segundo o autor, a crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, o que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçam-se os quilombolas exatamente em proteger seu dia-a-dia, sua organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo ou forasteiro. Já no modelo novo, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente. Não mais os poderosos guerreiros do modelo anterior, mas um tipo novo de liderança, uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente.Naquela época, como infelizmente ainda hoje, a camélia japonica era uma planta relativamente rara no Brasil, introduzida no Rio de Janeiro há uns 60 anos, se tanto. Exatamente como a Liberdade que se pretendia conquistar, a camélia não era uma flor dessas comuns, naturais da terra e encontradiças soltas na natureza. Era, pelo contrário, uma flor especial, estrangeira, cheia de melindres com o sol, que requeria know-how, ambiente, mão-de-obra, relações de produção, técnicas de cultivo e cuidados muitíssimo especiais. O quilombo do Leblon era um ícone do movimento abolicionista, uma de suas melhores bases simbólicas e um dos seus trunfos para a negociação política.As camélias eram o símbolo do movimento abolicionista, na reta final da luta contra a escravidão. Os abolicionistas usavam-nas na lapela, reuniam-nas em ramalhetes ou cultivavam-nas nos jardins, para sugerir a adesão a causa. E o lugar por excelência onde se produziam as camélias, e de onde eram distribuídas para os militantes e simpatizantes, era um quilombo situado, muito surpreendentemente, quando se tem em mente o Rio de Janeiro de hoje, no Leblon.A flor servia, inclusive, como uma espécie de código através do qual os abolicionistas podiam ser identificados, principalmente quando empenhados em ações mais perigosas, ou ilegais, como o apoiamento de fugas e a obtenção de esconderijo para os fugitivos. A camélia era bem o símbolo da Confederação Abolicionsta e de seus métodos de ação direta.O quilombo abolicionista, apoiado ou mesmo patrocinado por militantes abolicionistas - quer dizer, gente livre, muitas vezes figuras de destaque na sociedade -, era um centro de acolhimento do escravo fugido, como o outro, mas ao mesmo tempo também uma trincheira de luta pela abolição.Na Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, existem, ainda hoje, três pés de camélias: dois no jardim frontal e um embaixo da janela do seu quarto de dormir.]
Mas foi no dia 20 Novembro, em que se comemora a morte física do lendário Zumbi dos Palmares que tombara lutando para libertar das correntes, seu povo, e abolir do Brasil, a macula da escravidão, que o Grupo Camélia apresenta seus integrantes à comunidade estudantil. Estava, na abertura daquela Semana Cultural, oficialmente reconhecido, a existência do Grupo Camélia, através da assinatura da Ata de fundação na pessoa do Diretor Luiz Goularte Alves, seu Vice Diretor João Batista Sivieiro juntamente com a Coordenadora Pedagógica Professora Julita Wiggers Bach.O Grupo camélia, inspirado naquele movimento oitocentista, é hoje, um refúgio para aqueles que forem, como diz Frei Beto no livro Pedagogia da Autonomia ,de Paulo Freire: “(...) emergindo da esfera da ingenuidade para a esfera da crítica; da passividade á militância; da dor ‘a esperança; da resignação à utopia (...)”[Ver: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários `a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.]. Neste sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o nosso bom senso.

AÇÕES DO GRUPO CAMÉLIA EM (2008)

@ Aulas de apoio escolar;
@ Oficinas: de resgate da cultura afro-descendente, capoeira, música, teatro, costura e dança e outros;
@Despertar o gosto pela leitura;
@Eventos de mobilização: datas comemorativas, celebrações místicas, comemorações de 20 de novembro (Dia da Nacional da Consciência Negra) e outras;
@Debates sobre a lei 10.639, Estatuto da Igualdade Racial;
@Explicitar o respeito à diversidade étnico-racial, religiosa, social e econômica, a partir do conhecimento dos processos históricos;
@Propor Grupos de Estudos em outras Escolas do Município;
@Viabilizar palestras que envolva a todos indistintamente;
@Auxiliar no projeto de reciclagem de lixo;
@Promover: exposições de fotos, artesanato, desenhos da comunidade escolar, informativo interno (jornalzinho) e poesias etc;
@Auxiliar a Professor Julita na organização da Videoteca;
@Formar o Grupo Camélia Junior a partir da 5ª série;
@ Lançamento do documentário "Ottilia Multiplos ;olhares"http://br.youtube.com/watch?v=gwXHk72rilQ;
@ Visita na do "Trubuna no Esporte" noColégio Ottilia;
@ Primeira Defesa aberta de Monografia;
@ Julio Vann realiza sua pesquisa de Mestrado na Escola;